Estava para me nascer um poema
Lembras-te, Pedro?
Lembras-te da noite em que os turcos rebentavam
Lascívia pelas ancas
E o teu olhar nómada se sentava nessa imagem?
Estava para me nascer um poema
Lembras-te, Pedro
Que me cresciam vontades
De te tatuar imagens em movimento
Nas costas.
Lembras-te, Pedro
dos homens mais lindos da terra
Dos homens nos homens?
Estava para me nascer um poema.
E se não fosse tão noite dentro de mim
Ter-me-ia crescido outra espécie de poesia
No manear excessivo de uma anca turca.
Lembras-te, Pedro?
Não me nasceu um poema.
Nasceste-me tu
A acreditar que amar era isto:
Uma explosão de olhar
De ali estar
De ali ficar
De sentir ali.
Lembras-te, Pedro
Da noite em que os turcos rebentavam
Lascívia pelo olhar
E te maneavam as ancas?
Lembras-te, Pedro?
Estava para me nascer isto.
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