quinta-feira, 31 de maio de 2007

Dias que... Não senhora!

O movimento das pálpebras perturba-me. A respiração atrapalha-me. E sinto que devia andar às arrecuas como a Alice no País das Maravilhas. Vários muros de betão atropelam-me o olhar e o dia corre ao meu lado, como se eu o estivesse a ignorar, como se não necessitasse de intervir para ele fazer sentido.
Um dia a correr veloz, ao meu lado, imperturbável.
Resta-me pensar que não era meu. Há dias que são nossos e outros que não. Eu prefiro assim. Se tem que ser mau para mim, retirem-mo. Ofereçam-no a quem corre ao lado deles com agrado. Ficamos todos a ganhar. Ficamos todos com dias que (sim senhora!) são maravilhosos e, em vez de envelhecermos, rejuvenescemos a cada dia que passa.
Era tão fácil legislar para este mundo!... Não compreendo porque não me deixam…

P.S- Este dia foi um dia que sim, senhora(!) para uma grande amiga. A Elsa deu vida ao Gabriel. Já é a segunda criança no espaço de três dias… Espero que a minha teoria da distribuição dos dias bons pela humanidade faça algum sentido, agora…

terça-feira, 29 de maio de 2007

Anxo - uma pessoa que vi uma vez

5:47 (madrugada fora)

Anxo,

(Experimentei vários epítetos para colocar antes do nome, mas nenhum me pareceu razoável).

Há dias reencontrei uma pessoa que não via há dez anos. Sempre esteve contactável, acessível e, até, com uma inegável disponibilidade para me aturar. Apesar disso, passaram-se dez anos sem que eu me permitisse essa atitude corriqueira do contacto.
O reencontro foi uma fortuna e eu temo nunca vir a perceber se lucrei mais ou menos com a distância. Aconteceu assim, e esse acontecimento proporcionou-me uma emoção irrepetível e inesquecível. Sobre este assunto, por agora, é tudo o que sei.

Não passará tanto tempo entre nós.

E esta seria aquela oportunidade de me desfazer em desculpas e metáforas fáceis sobre o tempo e a lei da vida, mas falta-me um certo jeito para ser unicamente eu, por isso, daquilo que ficar aqui dito convém acreditar em menos de metade (e, dependendo da extensão do texto, é sempre a dobrar).
Fiquei de veras impressionada com a fluidez de sensações com que uma Anxo me brindou certo dia. Talvez só isso possa justificar este atropelo da minha insónia. De repente, afigurou-se-me urgente escrever-lhe e dedicar-lhe o resto da madrugada. Ficará assim com duas certezas: a primeira é que, de facto, não sei nem nunca saberei escrever cartas; e a segunda é que, naturalmente, sou louca.

Seja como for, talvez deva terminar divulgando o motivo quase exclusivo desta missiva – tenho saudades.
Quando tiver vontade (ou outro tipo de necessidade de espírito), escreva-me!

Um abraço para durar mais de uma década…

Recado nocturno para a minha solidão

Mesmo que a cinza cresça na ferocidade implacável dos dias, antecipar-te-ás ao momento em que te quis como ao miolo da fruta madura.
Instalei-me aqui, no ar - equinócio da tua existência - e vivi antes de conseguir respirar. Assim como o tempo se cansa do tempo que dura, talvez (também) me canse de ser carne moída da dor carpida ao luar dos meses ímpares.
Procuro-te no fundo da cinza dos dias. Procuro-te no lado direito da solidão de Marte, ao lusco-fusco.
Talvez amanhã seja cedo para te lembrar. Talvez amanhã seja cedo para te esquecer. Talvez entre luz pela minha memória e Marte deixe de brilhar tão perto.

Pronto, este era um daqueles recados nocturnos incompreensíveis que uma mulher escreve sem saber que escreve e depois, às vezes, com sorte, muito tempo volvido... percebe (ou tem a mania que percebe) a natureza desse momento. Porque há momentos que se prolongam muuuuiiito para além do pensamento. E os meus brotam das pontas dos dedos... demoram a chegar à compreensão.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Margarida

Começo com ela porque ela acaba de começar. Nasceu hoje de manhã e foi uma total surpresa dizer-se dela que era linda, que era filha, que era sobrinha, que era neta, que era menina, que era mulher. Ontem, tornou-se oficial (pela primeira vez, em 40 semanas) que era macho... Enganou-nos a todos. Surpreendeu-nos a todos.
Ela prendeu mais corações, num minuto de vida, do que a maior parte das mulheres consegue em anos de existência. Que não lhe perca o jeito. Nunca!
Bom dia, Margarida!

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Também não.

...Também não compreendo as mulheres e, para ser sincera, era coisa que (também) já me dava um certo jeito. Porque há palavras que (ainda) não me cansam e outras que não me acompanham a coragem, porque a sabedoria me segrega tanto quanto a ignorância, porque me apeteceu, porque o bagaço amarelo me deu vontade... porque sou mulher.