quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Au Revoir Simone - Hurricanes


In a world of make-believe

Talks a lot, but can't you see

It means more to you than me

Than me

Think before you speculate

Take the fear that you create

Don't assume we're so afraid of them

And you say

Na na na na...

Na na na na...

If you stop and disappear

Doesn't sound I watch you here

When dreaming takes you when you want to be

Don't follow the status quo

Picture where you'd like to go

Take your time but always know you're there

And you say

Na na na na...

Na na na na...

Na na na na...

This message is for all the people

That people who are always waiting

This message is for all the people

That people who are always waiting

Waiting, waiting, waiting, waiting, waiting, waiting

This message is for all the people

That people who are always waiting

This message is for all the people

That people who are always waiting

Waiting, waiting, waiting, waiting, waiting, waiting

This message is for all the people

That people who are always waiting

This message is for all the people

That people who are always waiting

Waiting, waiting, waiting, waiting

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Gayhane


Estava para me nascer um poema

Lembras-te, Pedro?

Lembras-te da noite em que os turcos rebentavam

Lascívia pelas ancas

E o teu olhar nómada se sentava nessa imagem?

Estava para me nascer um poema

Lembras-te, Pedro

Que me cresciam vontades

De te tatuar imagens em movimento

Nas costas.

Lembras-te, Pedro

dos homens mais lindos da terra

Dos homens nos homens?

Estava para me nascer um poema.

E se não fosse tão noite dentro de mim

Ter-me-ia crescido outra espécie de poesia

No manear excessivo de uma anca turca.

Lembras-te, Pedro?

Não me nasceu um poema.

Nasceste-me tu

A acreditar que amar era isto:

Uma explosão de olhar

De ali estar

De ali ficar

De sentir ali.

Lembras-te, Pedro

Da noite em que os turcos rebentavam

Lascívia pelo olhar

E te maneavam as ancas?

Lembras-te, Pedro?

Estava para me nascer isto.

sábado, 6 de outubro de 2007

...que voltei de África...



Consta em vários registos que regressei de África para voltar com a urgência que os sorrisos que trouxe me exigem.
Que estou por cá com compreensão nas mãos e manifestos de alegria redigidos no peito. Que se me desfizeram dúvidas, que me esclareci, que compreendo mulheres e homens e crianças e algumas cobras...

Que até já me compreendo a mim, quase em absoluto.

Que sorrio tanto hoje, que nem percebo porque não fiz o exercício quotidiano dos sorrisos, em todas as jornadas da minha vida. Que deixarei de fazer declarações de amor, porque já sei fazer declarações de felicidade. Que me declaro feliz, sem o mínimo medo a assolar-me o espírito. Que me declaro. Que me vejo viva, que me vejo a viver, que até já me posso ver morrer, sem o susto da palavra escrita ou dita ou vista. Que estou aqui, onde sempre estarei, neste centro de felicidade, outrora tão críptico, agora tão livre e claro.
Que fui a África aprender a ser feliz. Que talvez seja boa aluna, afinal...

"Djarama" , meu continente aberto!

terça-feira, 17 de julho de 2007

coisas

Mudei de casa. Ou seja, regressei a Casa (da mamã).
Começo a minha adaptação ao isolamento que um mês e meio do mapa profundo de África me irá proporcionar. mas por enquanto, ainda consigo dar umas escapadelas ao meu ex-local de trabalho e entrar nesta maravilhosa sala de chuto da comunicação.
De resto, também não tenho o que escrever.
Vou fazer planos para o trabalho de voluntariado, com a firme convicção de que de nada me servirão. Mas vou.
E basicamente era só para dizer que vou estar alheada disto por uns meses.
(caso alguém tenha entrado no tortuoso caminho da angústia, provocada pela ausência das minhas palavras, pode agora sossegar:).

terça-feira, 10 de julho de 2007

Amélia

Amélia levantou-se sem vontade. Percebeu que não queria tomar banho, não queria comer, não estava para conversas, não queria trabalhar e não queria pensar nas coisas que lhe poderia apetecer fazer. No entanto, levantou-se, aniquilou a preguiça e empurrou à sua frente a iniquidade de mais um dia.
Nesse dia, soluçou banalidades na presença de pessoas, ouviu as dificuldades de um ou dois amigos, e dois ou três disparates anónimos, gastou tempo ao telefone, disse que sim a uma proposta (perfeitamente dispensável) a que só queria dizer não, concordou com pessoas que despreza (para algumas até sorriu) e quando voltou para casa, ignorou o sofá, ignorou o marido, ignorou os filhos, ignorou o cansaço, mas não soube ignorar o pó, a roupa por lavar, o jantar… Antes de dormir repetiu três vezes, em frente ao espelho, que era feliz. Respirou fundo e enfiou-se na cama sem um pensamento que a perturbasse.
Conheço Amélia. Amélia acredita que é feliz. E essa crença críptica, descodificada por um espelho é, de facto, o início dessa felicidade. Todos os dias uma vontade de vida se apodera dela. Todos os dias essa vontade se sobrepõe à falta de vontade de fazer as coisas que faz. Todos os dias, Amélia é feliz. Amélia tem uma necessidade básica - a felicidade - e assume as despesas desse compromisso diário.
Um sentimento próximo da inveja toma conta de mim. Não direi sempre, mas pelo menos uma vez por semana gostava de ser Amélia. Não para fazer coisas que me desagradam (porque nisso sou perita), mas para conseguir ser feliz, ou dizer que sou feliz, enquanto me vejo envolvida por essas contrariedades.
Não consigo. Detesto a incoerência e o “faz de conta que corre bem, para não veres o que corre mal”.
Essas coisas que faço para matar tempo ou para matar as etapas da edificação das relações matam-me todos os dias um pouco. Não suporto os gestos consentidos, só para evitar constrangimentos, ou o nível de condescendência que invariavelmente me imponho com os meus interlocutores. Não me fazem mais feliz, estas coisas que faço todos os dias sem vontade. Não tenho um espelho que me suporte a mentira da felicidade confessa. Quero aprender a dizer “não” sem que isso me angustie. Mas, por muito que ensaie, só me saem “nãos” às pessoas indevidas, ou àquelas a quem sei que têm a capacidade de suportar todos os meus surtos de mau feitio declarado e que terão a capacidade de me acompanhar até ao mais inesperado “sim”.
Encravou-se-me na garganta um “não” de uma obesidade mórbida. Sei que o hei-de expulsar, só não sei se o farei na direcção certa.
Dedico estas palavras às pessoas, cuja paciência e o companheirismo nunca se abalaram com os meus tumultos. Dedico-as a todos os nomes inscritos no meu império de sensações, a memória. E a uma ou outra Amélia, que resiste à contemplação dos seus dias tortuosos, apesar do culto dos espelhos.

Não sei

Acordo e faço-me perguntas para as quais tenho sempre uma resposta pronta e categórica: não sei.
Não sei das pessoas, não sei das emoções, não sei dos lugares, não sei do tempo, não sei de mim.
Não sei o que será de mim e nem sei dizer se isso me preocupa. Tenho alguns planos, muitos até, e por serem tantos há outras tantas possibilidades de os não traçar.
Vou para África. Já disse isto?! (mas isso não é um plano é um projecto de vida).
Há poucos meses, lugares como Boé, Gabú ou Béli nem chegavam a ser nomes. Agora, pouco passam de nomes, mas são talvez as palavras que mais digo, penso e enfio nos sonhos. Nomes cheios de lugares e pessoas e momentos e medos que eu não conheço, que talvez não compreenda.
Há dúvidas que me fazem falta, quanto mais não seja, porque o percurso da dissipação é necessário. Assim como há uma certa ignorância que não me esmaga.
Não sei bem porque digo isto, mas talvez se avizinhe a experiência mais definitiva da minha vida e eu... a modos que, se me perguntarem o que sinto sobre isso... Não sei.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Antítese

Estou a mudar de casa.
Sim, é isso: no momento em que escrevo, não estou a escrever porque não tenho tempo para isso.
Apetece-me abrir a janela e atirar três dos seis sacos de lixo preto (tamanho grande) e vê-los estatelaram-se à grande na cabeça do... (ainda esta coisa do GNR, mas já me passa), só que gosto bastante do conteúdo e também não vou arriscar mais uma multa esta semana.
É incrível, a quantidade de coisas inúteis que insisto em carregar atrás de mim.
Devia ter ido trabalhar para o local de trabalho, onde as pessoas normalmente trabalham ou fingem que trabalham, mas recusei-me (pelo segundo dia consecutivo). Ontem porque estava chateada e hoje porque estou aborrecida e atarefada a mudar de casa. Motivos mais do que suficientes, parece-me.
Há outros que não vou revelar.
O dia hoje já vai muito longo, já me fartei de trabalhar e até já escrevi uma reclamação no livro de reclamações do posto da GNR local. O senhor agente não gostou, mas sorriu.
Se eu fosse o Bagaço, escrevia o diálogo... Como não sou, vou pôr livros em caixotes.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Homens que não me compreendem:

UM.
Mas não conta, porque é um GNR cá da terrinha que, embora se comporte como tal, não usa bigode, movimenta-se num cu de arroz próprio da classe e, entre uma ou duas palavras imperceptíveis, conseguiu lixar-me a disposição e as férias.
Como diria o outro: Foda-se! (baixinho, que há quem queira dormir).

terça-feira, 3 de julho de 2007

Livro do Génesis, 3,1

A serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o SENHOR Deus fizera; e disse à mulher:
- «É verdade ter-vos Deus proibido comer o fruto de alguma árvore do jardim?»
A mulher respondeu-lhe:
- «Podemos comer o fruto das árvores do jardim; mas, quanto ao fruto da árvore que está no meio do jardim,
Deus disse:
- “Nunca o deveis comer, nem sequer tocar nele, pois, se o fizerdes, morrereis.”
A serpente retorquiu à mulher:
- ‘Não, não morrereis; porque Deus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus, ficareis a conhecer o bem e o mal”.»Vendo a mulher que o fruto da árvore devia ser bom para comer, pois era de atraente aspecto e precioso para esclarecer a inteligência, agarrou do fruto, comeu, deu dele também a seu marido, que estava junto dela, e ele também comeu.Então, abriram-se os olhos aos dois e, reconhecendo que estavam nus, coseram folhas de figueira umas às outras e colocaram-nas, como se fossem cinturas, à volta dos rins.Ouviram, então, a voz do SENHOR Deus, que percorria o jardim pela brisa da tarde, e o homem e a sua mulher logo se esconderam do SENHOR Deus, por entre o arvoredo do jardim.Mas o SENHOR Deus chamou o homem e disse-lhe:
- «Onde estás?»
Ele respondeu:
- «Ouvi a tua voz no jardim e, cheio de medo, escondi-me porque estou nu.»
O SENHOR Deus perguntou:
«Quem te disse que estás nu? Comeste, porventura, da árvore da qual te proibi comer?»
O homem respondeu:
«Foi a mulher que trouxeste para junto de mim que me ofereceu da árvore e eu comi.»
O SENHOR Deus perguntou à mulher:
- «Por que fizeste isso?»
A mulher respondeu:
«A serpente enganou-me e eu comi.»

O Epígono do Lobo Antunes

Foi muito bem escolhido o nome deste personagem do novo livro do José Luís Peixoto, “Hoje não”, ainda não acabei de ler, mas assim de papo pró ar ou de barriga para baixo numa praia qualquer, onde o sol espreitava… não me estava a desagradar nadinha.
Claro que, mais uma vez, fiquei sem o livro. Acontece-me muito isto com o JLP… Juro que não o enterrei na areia!

copy, paste...

Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te
Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te
Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te. Amo-te.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Conjugação perifrástica

Há pessoas de quem gostamos muito que passam dias, semanas, meses sem nos enviarem um sms e nós continuamos a gostar delas. Depois há aquelas de quem também gostamos muito, mas não admitimos um dia inteiro de silêncio. Contudo, insistimos em continuar a gostar delas.:-)

O amor, esse micróbio!

O tema tem longas barbas brancas entrançadas a varrer o chão. (Facto).
Qualquer alfabetizado consegue elaborar uma frase sobre a questão e fazer com que ela corra mais ou menos bem, fazendo sempre algum sentido para alguém. (Facto).
Eu nem queria falar sobre isso.
Facto.
Cerca de 90% daquilo que escrevo é sobre esse micróbio parasita das emoções. E sempre que me apaixono e desapaixono (ou vejo isso a acontecer a alguém) não paro de me surpreender com a total ausência de aprendizagem sobre o assunto. Sei que tudo o que vivi e disse de nada me servirá, quando (e se) me voltar a acontecer. (Facto verificado várias vezes, felizmente).
Já disse neste blog e repito: para o fim nunca nos conseguimos preparar.
E, em meu entender é só (!?) esse o problema do amor, seja ele de índole romântico, fraterno ou tenha o conforto inestimável e insubstituível da amizade.
Passar pelo fim de uma relação de amor é sem dúvida devastador. Mas assistir de microscópio ao estrebuchar do micróbio no corpo de alguém que amamos… pode ser duplamente infernal, cansativo e talvez mais abrangente do que passar por isso na primeira pessoa. É que, ao vermos os outros, revemo-nos a nós e tomamos alguma consciência da coisa, facto que geralmente não acontece quando somos nós os portadores da “coita”. Ufa! Ainda bem que as figurinhas que fazemos não têm o filtro da inteligência! Algo tem de sobrar (com alguma dignidade) dos destroços!

domingo, 24 de junho de 2007

"O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons..."

Martin Luther King
“Queria acordar em África e adormecer na Índia, queria ter um sonho que não fosse proibido numa ilha do Pacífico, mas se um anjo me revelasse o teu nome, ia visitar-te ao paraíso, meu piquenique!”

A citação é minha, mas tem tantos anos que já a consigo ver de fora e pôr-lhe aspas…
Vamos aos factos: vou finalmente para África! É mais ou menos certo que acordarei e adormecerei no continente onde se toca o horizonte. E, de momento, não me apetece ir visitar ninguém ao paraíso…
Mas já fazia um piquenique… é só esperar que o Outono passe.

Interrogação Retórica

Ontem foi noite de enterro de espectáculo. Correu tudo dentro da normalidade. Sentimentos grandiosos iam mergulhando na clandestinidade do meu peito. A noção inequívoca do dever cumprido espalhava-se pela pele e terminava nas pontas dos dedos, onde unhas mal feitas escondiam a extensão dos últimos dias.
Estava preparada para tudo, mas esqueci-me de me preparar para o fim. Talvez nunca o consiga fazer, agora que penso nisso…
Em público, agradeceram aos meus pais pela minha existência. Disseram outras coisas, que gravarei cuidadosamente debaixo das pálpebras para que sejam náufragos, à passagem das lágrimas, mas nada que se compare com isso. Os meus pais estavam lá, algures na escuridão da sala. Não consigo adivinhar as suas expressões.
(Não consigo adivinhá-los no fim de tanto tempo).
Havia lágrimas, muitas lágrimas. Lágrimas com sabor a tudo. Lágrimas que só a intimidade permite.
Seremos sempre tanta gente nos momentos de maior intimidade?
Agora que penso nisso…

terça-feira, 19 de junho de 2007

Andreia

Esta etiqueta deveria chamar-se "mulheres do caralho!", mas como eu não gosto de palavrões, a Andreia cabe bem na etiqueta "Nome próprio".
À semelhança do resto do mundo, menos três pessoas, ela não só não faz ideia que este blog existe, como também não suspeita que eu não compreendo as mulheres e que isso me perturba. Por isso, também não me há-de levar a mal esta exposição pública do seu nome e do seu sinal no rosto e do seu cabelo muito preto e do seu olhar em forma de colina e... (mesmo que quisesse continuar não conseguiria completar o seu retrato, pois tenho uma péssima memória para características físicas, por isso, paro por aqui). O que interessa é que a Andreia (que eu mal conheço, que me conhece muito mal e há pouquissímo tempo) faz parte da minha vida e tem-me acrescentado tanto entusiasmo quanto medo, tanta surpresa quanto admiração, tantas dúvidas quantas certezas.
É muito através da Andreia que, pelo menos uma vez por semana, eu encontro o volume das minhas vontades.
Não sei se a compreendo inteiramente, mas lá que compreendo, concordo e aprendo imenso com ela... não tenho quaisquer dúvidas. Uma mulher impressionante, sem dúvida... A quem me apeteceu agradecer a existência, ainda que ela não saiba...

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Anagnórise

Quase toda a gente que conheço está assim a modos que apaixonada ou com vontade de ficar. Eu, por exemplo, incluo-me facilmente nas duas categorias.

Estou efectiva e tontamente apaixonada, mas, por alguma razão (que não me escapa), isso não me basta. O que eu quero é ter sempre muita vontade de... qualquer coisa. Perder a vontade é perder a razão, a paixão e fundamentalmente, o tesão. E eu, muito francamente, não me vejo sem estas três rimas básicas da vida.

Por outro lado, quando a coisa nos apanha muito de surpresa, o estalo é muito maior e a preocupação em concertar comportamentos e atitudes atenua-se bastante.

Eu quero ser assim a protagonista que, no momento exacto, reconhece a tal circunstância da paixão e isso causa uma mudança brusca e radical no seu destino. De preferência sob a perspectiva da comédia, segundo a qual essa transformação leva ao triunfo... (na tragédia leva à derrocada, e embora a minha inclinação pessoal seja mais para este género, por ora, dispensava...).



E pronto. Era isso. Uma anagnórise na minha vida ilibar-me-ia de responsabilidades imediatas sobre o meu futuro. Hoje não vai dar, mas um dia explico porquê.
(Mas isso só se eu tiver vontade de fazer qualquer coisa por este blog).

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Da janela em frente vê-se a minha janela

A persiana da janela da minha sala deixou de me obedecer há uns meses. Garanto que já tive uma mancheia de tentativas frustradas de a arranjar e outra mão cheia de escoriações!

Não tenho nada contra as transparências, mas da janela em frente vê-se o meu umbigo, e isso, mesmo que só lá de longe a longe, incomóda-me. O meu umbigo é assim uma espécie de janela para o meu interior. Há quem diga isso dos olhos, eu digo do umbigo...
E não era mais nada. Só isso. Está a pôr-se calor (finalmente!) e preferia não ter que me incomodar com o facto de ter ou não roupa no corpo, quando estou num espaço que é só meu.

Ah, isto das persianas era para dizer que, neste ponto preciso, compreendo perfeitamente esse aforismo proferido tantas vezes por tantas mulheres:"Um homem em casa faz muita falta"! - Faz sim senhora! E eu que o diga, que também tenho um problema com a máquina de lavar roupa e... tal.
Alguém se candidata a levar com meia hora de mau feitio?!...

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Mau feitio

Diz-se por aí que esta mulher tem mau feitio.
Até há pessoas que me apontam, quando eu passo, e dizem: "olha, lá vai aquela gaja mau feitio!"

"Gaja"??!!!...

... É que... nem vou comentar...

A compreensão também não é bem tudo...

Tenho um amigo. É um pouco tonto, mas eu compreendo-o muito bem!
O meu amigo tem uma amiga que não o compreende nada bem, nem ela a ele…
Fui chamada a intervir para mediar as incompreensões dos dois. Não a conheço, mas falei com ela durante uma boa meia hora. Percebia-se, pela forma como escrevia, que chorou algumas vezes durante a conversa.
Se, ao menos, ela tivesse compreendido porque é que eu o compreendia…
Isto já foi há três dias e, só agora é que me dei conta, que eles não precisam de se compreender… muito… Mas ainda não sabem.
Shiiiiiiiiuuu!

"Xmas qd kiseres"

Hoje já ouvi 22 vezes o "Last Christmas" dos Wham! e sou pessoa para ainda ouvir mais umas quantas vezes.
Que me importa que se espantem todos deste blog pelo gosto musical duvidoso. Se Natal é quando um homem quer, uma mulher também pode optar por ouvir Wham! quando muito bem entender!
Para além do mais, acho muita graça a uma banda cujo nome inclui um ! (só que agora não sei como raio pontuo esta frase)...
Chegaram visitas... Acho que vou mudar de música, pelo sim pelo não.

Bem, agora, a sério... (espero que ninguém tenha caído naquilo das 22 vezes...), "Xmas qd kiseres" é o nome de uma peça de teatro. Estreia dia 16, em Ponte da Barca, "essa bela localidade"... Era ver!...

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Eugénia

Ela sabia que o dia germinava palavras de esperança, em forma de sussurro. Ela sabia que o vento cantava, quando todos lhe gabavam o sopro feroz. Ela sabia que o tempo acabava agora, quando todos começavam a entender o seu início. Ela sabia que as impressões digitais lhe camuflavam o desejo de falar. Ela sabia de cor as teclas da palavra "amor", da palavra "sentir", da palavra "viver".
Ela sabia inclinar-se sobre aquele nome, como se de um corpo nu se tratasse.
Ela sabia beber das palavras o som ébrio de um poeta andaluz. Ela sabia onde morava a angústia e visitava-a diariamente. Oferecia-lhe dois maços de tabaco, na esperança de a matar.
Ela sabia que este dia, à semelhança dos outros todos, teria um fim. Acariciou as pontas dos dedos com a memória do rosto que a perturba e, desfez a exactidão doméstica dos lençóis da cama. Ela talvez dormisse, se o soubesse fazer com tranquilidade.
Agora finge que acorda, só porque sabe que na sala de espera do olhar se encontra o mesmo nome nu, sobre o qual deposita o coração, antes de sair para a rua...

domingo, 3 de junho de 2007

Estrela cadente, desejo pendente.

Ainda há pouco vi uma estrela cadente e pedi um desejo. Peço sempre o mesmo desejo. Não sei se é por preguiça ou por falta de tempo para pensar noutra coisa, ou se é porque, de facto, o meu maior desejo é esse. E é sempre o mesmo há anos e anos, desde que me disseram que se devia pedir um desejo quando nos deparamos com esse fenómeno…
Havia outra pessoa ao meu lado. Disse que não pediu desejo nenhum.
Sorri. O meu desejo era suficiente para nós. Há-de ser sempre o mesmo. Há-de chegar sempre para mim e para os meus amores.
Talvez nunca o mude.
Talvez nunca mude este novo amor sem desejos.

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Dias que... Não senhora!

O movimento das pálpebras perturba-me. A respiração atrapalha-me. E sinto que devia andar às arrecuas como a Alice no País das Maravilhas. Vários muros de betão atropelam-me o olhar e o dia corre ao meu lado, como se eu o estivesse a ignorar, como se não necessitasse de intervir para ele fazer sentido.
Um dia a correr veloz, ao meu lado, imperturbável.
Resta-me pensar que não era meu. Há dias que são nossos e outros que não. Eu prefiro assim. Se tem que ser mau para mim, retirem-mo. Ofereçam-no a quem corre ao lado deles com agrado. Ficamos todos a ganhar. Ficamos todos com dias que (sim senhora!) são maravilhosos e, em vez de envelhecermos, rejuvenescemos a cada dia que passa.
Era tão fácil legislar para este mundo!... Não compreendo porque não me deixam…

P.S- Este dia foi um dia que sim, senhora(!) para uma grande amiga. A Elsa deu vida ao Gabriel. Já é a segunda criança no espaço de três dias… Espero que a minha teoria da distribuição dos dias bons pela humanidade faça algum sentido, agora…

terça-feira, 29 de maio de 2007

Anxo - uma pessoa que vi uma vez

5:47 (madrugada fora)

Anxo,

(Experimentei vários epítetos para colocar antes do nome, mas nenhum me pareceu razoável).

Há dias reencontrei uma pessoa que não via há dez anos. Sempre esteve contactável, acessível e, até, com uma inegável disponibilidade para me aturar. Apesar disso, passaram-se dez anos sem que eu me permitisse essa atitude corriqueira do contacto.
O reencontro foi uma fortuna e eu temo nunca vir a perceber se lucrei mais ou menos com a distância. Aconteceu assim, e esse acontecimento proporcionou-me uma emoção irrepetível e inesquecível. Sobre este assunto, por agora, é tudo o que sei.

Não passará tanto tempo entre nós.

E esta seria aquela oportunidade de me desfazer em desculpas e metáforas fáceis sobre o tempo e a lei da vida, mas falta-me um certo jeito para ser unicamente eu, por isso, daquilo que ficar aqui dito convém acreditar em menos de metade (e, dependendo da extensão do texto, é sempre a dobrar).
Fiquei de veras impressionada com a fluidez de sensações com que uma Anxo me brindou certo dia. Talvez só isso possa justificar este atropelo da minha insónia. De repente, afigurou-se-me urgente escrever-lhe e dedicar-lhe o resto da madrugada. Ficará assim com duas certezas: a primeira é que, de facto, não sei nem nunca saberei escrever cartas; e a segunda é que, naturalmente, sou louca.

Seja como for, talvez deva terminar divulgando o motivo quase exclusivo desta missiva – tenho saudades.
Quando tiver vontade (ou outro tipo de necessidade de espírito), escreva-me!

Um abraço para durar mais de uma década…

Recado nocturno para a minha solidão

Mesmo que a cinza cresça na ferocidade implacável dos dias, antecipar-te-ás ao momento em que te quis como ao miolo da fruta madura.
Instalei-me aqui, no ar - equinócio da tua existência - e vivi antes de conseguir respirar. Assim como o tempo se cansa do tempo que dura, talvez (também) me canse de ser carne moída da dor carpida ao luar dos meses ímpares.
Procuro-te no fundo da cinza dos dias. Procuro-te no lado direito da solidão de Marte, ao lusco-fusco.
Talvez amanhã seja cedo para te lembrar. Talvez amanhã seja cedo para te esquecer. Talvez entre luz pela minha memória e Marte deixe de brilhar tão perto.

Pronto, este era um daqueles recados nocturnos incompreensíveis que uma mulher escreve sem saber que escreve e depois, às vezes, com sorte, muito tempo volvido... percebe (ou tem a mania que percebe) a natureza desse momento. Porque há momentos que se prolongam muuuuiiito para além do pensamento. E os meus brotam das pontas dos dedos... demoram a chegar à compreensão.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Margarida

Começo com ela porque ela acaba de começar. Nasceu hoje de manhã e foi uma total surpresa dizer-se dela que era linda, que era filha, que era sobrinha, que era neta, que era menina, que era mulher. Ontem, tornou-se oficial (pela primeira vez, em 40 semanas) que era macho... Enganou-nos a todos. Surpreendeu-nos a todos.
Ela prendeu mais corações, num minuto de vida, do que a maior parte das mulheres consegue em anos de existência. Que não lhe perca o jeito. Nunca!
Bom dia, Margarida!

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Também não.

...Também não compreendo as mulheres e, para ser sincera, era coisa que (também) já me dava um certo jeito. Porque há palavras que (ainda) não me cansam e outras que não me acompanham a coragem, porque a sabedoria me segrega tanto quanto a ignorância, porque me apeteceu, porque o bagaço amarelo me deu vontade... porque sou mulher.